quarta-feira, 26 de junho de 2013

Um passo grande para a implementação da Lei 10.639...



A COR DA CULTURA
do site www.acordacultura.org.br 

A Cor da Cultura é um projeto educativo de valorização da cultura afro-brasileira, fruto de uma parceria entre o Canal Futura, a Petrobras, o Cidan - Centro de Informação e Documentação do Artista Negro, a TV Globo e a Seppir - Secretaria especial de políticas de promoção da igualdade racial. O projeto teve seu início em 2004 e, desde então, tem realizado produtos audiovisuais, ações culturais e coletivas que visam práticas positivas, valorizando a história deste segmento sob um ponto de vista afirmativo. Visite o site www.acordacultura.org.br e confira a riqueza de materiais disponíveis para você saber mais sobre os afro-brasileiros. 

LIVROS ANIMADOS, click e veja histórias afro-brasileiras e africanas feitas para crianças (vídeos no site www.acordacultura.org.br e no Canal FUTURA de TV) 


HERÓIS DO MUNDO, click e conheça personalidades negras brasileiras que fizeram história (vídeos no site www.acordacultura.org.br)


NOTA 10, click e experimente formas de aplicação da Lei 10.639/2003 (artigos no site www.acordacultura.org.br e programas no Canal FUTURA de TV)


MOJUBÁ, click e receba o axé das várias expressões da cultura afro-brasileira (artigos e vídeos no site www.acordacultura.org.br)



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PROJETO "A COR DA CULTURA"

UM OLHAR SOBRE A DIVERSIDADE
Apresentação do Projeto A Cor da Cultura, retirada do Caderno de Textos 1 - Saberes de Fazeres - Modos de Ver

Num mundo de grandes desigualdades, nem sempre é fácil lidar com a diferença. Ela está em toda a parte. Por vezes, é mais simples percebê-la quando a questão envolve apenas dois times de futebol, duas religiões, dois partidos políticos, duas formas de agir. Na abordagem de temas mais complexos, ou simplesmente se a proposta exige um exercício crítico rigoroso, podemos dizer que mesmo entre os mais semelhantes, habitam rigorosas diferenças - afinal, cada ser humano é único no conjunto de suas características.

Viver em sociedade implica a necessidade de uma postura em relação às diferenças - essa tende a ser uma condição comum até para quem busca compreender a ética ou a justiça. Mas, e quando as diferenças não são perceptíveis? Ou melhor, o que ocorre quando, em vez de reconhecê-las (e valorizá-las), passamos ao largo e assumimos o posicionamento de quem prefere fingir que elas não existem?

Em primeiro lugar, para que um assunto gere discussão e divergência é preciso que ele seja abordado. Do contrário, a tendência é supormos que o nosso ponto de vista é o único correto. Mais do que isso: quando atribuímos juízo de valor às semelhanças e às diferenças, perdemos de vista o que elas podem proporcionar de melhor para uma compreensão mais apurada do mundo em que vivemos. Não deixar que elas revelem é negar uma possibilidade essencial para a transformação da sociedade: a partir dessa percepção reformulamos nosso modo de ver as coisas do mundo e, por conseqüência, o próprio mundo. Esse seria o papel do verdadeiro cidadão, ou seja, descobrir que tipo de conseqüência tem origem no ato de interpretar o mundo, de uma forma ou de outra. Com essa visão a descoberta das diferenças pode ser uma experiência enriquecedora. 

A nossa proposta é compreender a diferença como diversidade e trabalhar em torno do binômio informação-educação, entendendo que ele representa mais do que produzir bons conteúdos culturais para a televisão. Consideramos o uso da TV com propósitos educacionais, buscando ampliar o acesso ao conhecimento. No entanto, manter tal compromisso com o telespectador implica evitar "respostas prontas" e permitir que ele formule suas próprias questões. De acordo com propostas pedagógicas contemporâneas, seria algo semelhante ao professor que vai além de simplesmente transmitir seu conhecimento ao aluno, e que compreende que o estudante também possui um saber - local, cultural, afetivo, profissional -, entre tantos. Por isso é importante falar das diferenças e procurar entender sua potencial contribuição para a sociedade. O projeto A Cor da Culturaquer abrir espaços para que seus diversos públicos construam por conta própria os alicerces de seu conhecimento.

Paulo Freire nos ensina que a lição do educador deve, necessariamente, respeitar o educando, ou seja, "ensinar exige reconhecimento e assunção da identidade cultural". A valorização do outro, de suas experiências, de seu espaço e cultura, é prioridade do projeto A Cor da Cultura, que pretende incluir na programação da TV um pouco da história, das vivências e da riqueza cultural do negro, recuperando temas e promovendo discussões que deveriam fazer parte do dia-a-dia da sociedade. A intenção é chamar a atenção para o fato de que a presença do afro-descendente na mídia e o acesso à informação sobre o patrimônio cultural produzido pelo negro não correspondem a sua participação demográfica, vivendo num país em que quase da metade da população é afro-descendente, é incompreensível que os meios de comunicação negligenciem sua participação como protagonista da vida social brasileira, atribuindo-lhe o papel de coadjuvante.

A História oficial relegou aos negros o papel secundário, dificultando o caminho em direção à sua inclusão social e criando um estado de desigualdade difícil de ser alterado. Difícil, mas não impossível.

O primeiro passo para mudar esse quadro é o entendimento de que há, 
sim
, uma discriminação racial. Ela acontece ora de maneira mais explicita, como nas piadas, ora de maneira mais velada. O número reduzido de negros ocupando cargos mais altos nas empresas é um bom exemplo. De um modo ou de outro, a ação silenciosa do preconceito tem mantido os índices de desigualdades em patamares inaceitáveis para um país que se pretende democrático. De posse dos números e observando a realidade com alguma isenção, devemos deixar de lado o mito de que as condições são iguais.

Vale ressaltar que a desigualdade não se reflete apenas nos indicadores sociais ou nos desníveis de renda: essa é a expressão mais evidente do racismo. Ela evidencia uma estrutura cultural e social que acaba por mascar uma discriminação mais profunda: a desvalorização, desumanização e desqualificação, ou o não reconhecimento simbólico das tradições, saberes e fazeres do povo afro-descendente.

Devemos levar em conta que tal desigualdade não é exclusiva com relação aos afro-descendentes: outros grupos étnicos, raciais ou religiosos padecem com essa estrutura excludente, no Brasil e no mundo. 

Baseados nesse fato, devemos nos perguntar: o que é preciso fazer para minimizar as diferenças no desenvolvimento social? 

Mudanças não se processam da noite para o dia, nem tão pouco sem o envolvimento de parte expressiva da população. Para estabelecer o equilíbrio nessas relações, é necessária a participação de vários setores da sociedade civil, governos e ONGs e, principalmente, veículos de comunicação. Não se pode esquecer que, historicamente, a mídia, de maneira geral, sempre produziu conteúdo identificado com critérios e valores europeus, levando a uma "escassez de respeito ao déficit de reconhecimento da civilização e da população descendente de africanos", no dizer do professor Júlio César de Tavares. Basta percorrer a programação da TV, freqüentar as redações de jornais e revistas, analisar seu conteúdo, buscar referencias sobre os temas ou assuntos vinculados à cultura negra para constatar que os afro-descendentes não estão representados de acordo com sua presença numérica e simbólica na nossa sociedade. Chega-se a conclusão de que os veículos não sabem lidar com as diferenças: então se tem uma comunicação influenciada ideologicamente, ainda que de maneira sutil. O pior resultado dessa prática é o racismo.

Eis aqui uma questão realmente fundamental para se discutir nas salas de aula. A influência dos veículos de comunicação sobre a forma de ser, de pensar e agir dos indivíduos tem sido estudada pelo menos nos últimos 80 anos. Em maior ou menor grau, é claro que a mídia influencia a maneira pela qual as pessoas percebem o mundo. Muitas vezes, o fato de algo estar na TV, no jornal ou no rádio faz com que as pessoas acreditem que seja real. É como se, para ser verdade, fosse preciso estar na mídia.

A ausência quase total de protagonistas negros influencia a forma das pessoas verem a realidade. Quando se observa que o negro só aparece como coadjuvante ou com sua imagem vinculada a algo negativo, seja na novela da TV ou na matéria do jornal, compreende-se como a mídia pode influenciar a maneira de as pessoas entenderem as relações dos grupos étnicos na sociedade, perpetuando os preconceitos. A representação do negro - ou a ausência dela -, seguindo os padrões que o colocam em posições subalternas, faz com que grande parte da sociedade reproduza as "vozes do racismo". Sabemos que a mídia atua como moduladora dos conhecimentos, na medida que os agenda, referencia as fontes, seleciona as falas, normatiza a gramática cultural utilizada e produz os sentidos que influenciam na construção da realidade e na forma de o sujeito se relacionar com o mundo.

Para fugir desse roteiro tradicional, promover de fato a inclusão do negro no conteúdo dos veículos de comunicação evitar a chamada desqualificação de sua identidade cultural, o projeto A Cor da Cultura ganhou forma em diferentes produções audiovisuais do canal Futura, exibidas também na TV Globo e na TVE. Ao todo são cinco programas divididos em 56 episódios.

Livros animados traz para a tela da TV obras de literatura infantil ilustradas, conferindo movimento às narrativas através de recursos de computação gráfica. As histórias são voltadas para um público de 5 a 10 anos e procuram discutir temas como multicuturalismo, identidade, memória e etnia. Como critério, entre outros, está a necessidade de evidenciar a contribuição do negro, seja no ato de criação do livro ou na temática. A proposta é elaborada no sentido de restituir ao afro-descendente a possibilidade de elevar sua auto-estima , com produtos audiovisuais ricos em termos de ludicidade.

No programa Nota 10 - Especial - A Cor da Cultura, a realidade da sala de aula é o pano de fundo para discussões cujo fio condutor é sempre um tema ligado à Educação. O propósito fundamental da série aponta para reflexão de alunos e professores sobre a diferença, reproduzindo muitas vezes situações corriqueiras do dia-a-dia da escola. Os assuntos abordados vão de representação dos negros nos materiais didáticos utilizados no colégios à religiosidade de origem africana. A partir desses conteúdos, pode haver o debate sobre como o preconceito é naturalizado, permitindo enxergar (talvez) formas não explicitas de exclusão.

O interprograma, como o nome sugere, ocupa o espaço entre duas atrações de maior duração. Os Heróis de Todo Mundo é a prova de que, mesmo de forma reduzida é possível contar uma historia de modo sedutor e educativo. Os episódios percorrem a vida de grandes personagens negros do passado que se destacaram em suas áreas de atuação. Eles são representados por personalidades da atualidade, cujas carreiras, de alguma forma, influenciaram. Se a heroicidade contribuiu para a identificação do homem projetando sua auto-estima , esses interprogramas, ainda permitem recuperar aspectos históricos importantes para ajudar o telespectador a redesenhar sua visão sobre os mitos de uma sociedade, indo além das figuras genuinamente ligadas aos valores europeus.

Jogo HERÓIS DE TODO MUNDO

Ação é o programa que pretende evidenciar iniciavas de cunho social, promovidas por instituições sem fins lucrativos, voluntários e organizações não-governamentais de natureza diversa. As discussões giram em torno de como a sociedade pode se transformar no curto, médio e longo prazo, a partir da ação responsáveis de grupos ou indivíduos. No caso, os programas especiais criados para o projeto A Cor da Cultura abordam a contribuição cultural de ONGs, como o projeto Sonho de Erês e a Escola Criativa de Olodum, para valorização da identidade do afro-descendente e sua melhor inclusão social.

Completa a série de programas Mojubá, conjunto de documentários sobre a religiosidade de matriz africana e sua penetração nas crenças e na própria cultura brasileira, em perspectiva histórica, social, e etnográfica. A fé é revelada como instrumento de resistência, componente da História e da identidade cultural; através dela, vemos como nosso cotidiano foi enriquecido pela tradição religiosa africana e percebemos que a distância que separa continentes não separa culturas.

Em outro plano do trabalho, o projeto A Cor da Cultura prevê uma série de atividades com o objetivo de tornar acessíveis às escolas o conteúdo dos programas. A idéia é criar um espaço de discussão entre alunos e professores sobre as questões ligadas à participação social dos descendentes de africanos, à discriminação que assume a feição do racismo, à valorização das formas de expressão do negro, entre outros assuntos. Essa iniciativa atende aos propósitos da lei 10.639, que estabelece a obrigatoriedade do ensino de História e cultura afro-brasileira e africana na Educação Básica. Considerando a importância do tema para interferir no processo de produção de desigualdades étnico-raciais e de racismo, o projeto A Cor da Cultura espera incluir o assunto na agenda de discussão das escolas. Levando-se em conta que o movimento precisa ser coletivo, a expectativa é de que esse trabalho se desenvolva nas escolas, ecoando para os demais espaços sociais e disseminando valores mais igualitários.

CD com sons afro-brasileiros





Jogo de palavras
Projeto A cor da Cultura

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